Dupla de jornalistas entrou na mira de inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais. Autoridades apuram denúncias envolvendo a Codemig, autarquia estadual
Na última quarta-feira, 13, a Polícia Civil de Minas Gerais intimou as repórteres Angélica Diniz e Ludmila Pizarro. As duas são funcionárias do jornal O Tempo. A intimação é para as jornalistas prestarem esclarecimentos em inquérito. As autoridades locais apuram o vazamento de informações sigilosas da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).
Desde fevereiro, as jornalistas e outros repórteres publicaram reportagens. A pauta em questão? A tentativa do governo do Estado de Minas Gerais de saldar dívidas públicas por meio da venda de ações do nióbio e da contratação de empréstimo a juros altos por meio da Codemig. Algumas das histórias se basearam em documentos internos da empresa, obtidos junto a uma fonte anônima.
Em 11 de junho, a Codemig apresentou uma notícia crime à polícia mineira. A autarquia acusa um ex-servidor de ser a fonte das reportagens. Segundo a empresa, ele acessou um sistema interno onde ficam armazenados os documentos apresentados em um dos textos, dias antes da publicação. O então funcionário teria confessado ser responsável pelo vazamento.
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Junto à notícia crime, a empresa anexou uma troca de mensagens de Angélica Diniz com o presidente da Codemig. A jornalista busca ouvi-lo sobre os fatos que seriam publicados no jornal e diz a ele ter em mãos documentos que os comprovariam.
Nota da Abraji
A Abraji considera a intimação das jornalistas como testemunhas no caso um risco ao sigilo da fonte, ao pretender confirmar as acusações da Codemig de que o ex-servidor teria repassado as informações à imprensa. Colocar em risco este instrumento fundamental para o ofício, garantido pela Constituição Federal, é uma ameaça à liberdade de expressão e, como tal, é digna de repúdio.