Na manhã da última quinta-feira, 16, uma ação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) cumpriu sete mandados de prisão e 14 ordens de busca e apreensão na capital de Roraima, Boa Vista. Seis dos mandados foram contra policiais militares, entre eles um coronel e um major, investigados pelo sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos, em outubro de 2020.
Os mandados de prisão são contra Paulo Cesar de Lima Gomes (coronel aposentado da PM), Vilson Carlos Pereira Araújo (major da PM), Nadson José Carvalho Nunes (subtenente da PM), Clóvis Romero Magalhães Souza (subtenente da PM), Gregory Thomaz Brashe Júnior (sargento da PM), Thiago de Oliveira Cavalcante Teles (soldado da PM) e Luciano Benedito Valério (ex-servidor da Assembleia Legislativa).
A operação Pulitzer mobilizou cerca de 100 agentes públicos, incluindo PMs, policiais civis, e membros e servidores do Ministério Público de Roraima. Pulitzer é o nome de um dos mais prestigiados prêmios de jornalismo do mundo.
Marcelo Marques, jornalista da Rede Amazônia que acompanha o caso de Romano dos Anjos, contou que, durante a investigação, os servidores da Assembleia Legislativa de Roraima fizeram denúncias sobre o envolvimento dos policiais no crime. Esses servidores teriam sido convidados a fazer parte do esquema, mas recusaram. “Algumas pessoas foram dando depoimento e dizendo: ‘Eu fui chamado, mas não quis ir’. Quem chamou? ‘Foi o policial da assembleia’. E os caras foram juntando as peças”, disse Marcelo Marques.
Foram 11 meses de tratamento de saúde, de recuperação física e psicológica.
Romano dos Anjos
O jornalista Romano dos Anjos foi sequestrado por homens armados e encapuzados em sua casa, enquanto jantava com sua esposa, Nattacha Vasconcelos, na noite de 26 outubro de 2020. O apresentador do programa “Mete Bronca”, da TV Imperial, afiliada da Record em Roraima, ficou desaparecido por 12 horas. Foi encontrado na manhã de 27 de outubro de 2020, na zona rural da cidade, com hematomas e fraturas pelo corpo.
Em entrevista à Abraji, Romano dos Anjos conta que, após a prisão dos PMs, poderá seguir a vida. “É o início de um novo ciclo. Foram 11 meses de tratamento de saúde, de recuperação física e psicológica. Só de eu saber que essas pessoas estão presas, e que outros também podem ser presos, é que posso pensar em levar a minha vida normalmente.”
Segundo o site da Rede Amazônica, a maioria dos policiais investigados na operação trabalhava no gabinete do deputado Jalser Renier, do partido Solidariedade. Na época do sequestro, o deputado ocupava a presidência da Assembleia Legislativa de Roraima. Ao ser procurado, Jalser Renier informou que “a escolha dos policiais militares para compor a casa militar da Assembleia Legislativa segue critérios técnicos e que todos os militares escolhidos são idôneos, com ficha exemplar”. Enfatiza que acredita na Justiça e espera que o caso seja solucionado a contento.
*Matéria originalmente publicada pela Abraji
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