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Rádio Globo SP 2007-2012: éramos felizes e sabíamos

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Portal Comunique-se publica artigo de Marcus Aurélio de Carvalho. Ele que foi gerente executivo da Rádio Globo de São Paulo e rede, de julho de 2007 a maio de 2012

No primeiro semestre de 2007, recebi um presente do diretor da Rádio Globo, Giovanni Faria, e do gerente executivo, Ayrton Mandarino. A troca. Ayrton voltaria para o Rio de Janeiro. Missão: gerenciar a Rádio Globo RJ. Eu assumiria a gestão da Rádio Globo de São Paulo, o que aconteceu em 26 de julho daquele ano. Cheguei em dia de macarronada coletiva, uma tradição da sede do Sistema Globo de Rádio (SGR) em SP. Acolhida em clima melhor, impossível.

As metas foram todas alcançadas, graças ao trabalho da equipe de programação e produção Globo SP e dos parceiros das demais áreas do SGR-SP. A equipe, muito unida e apaixonada pelo projeto, conseguiu. O que a diretoria do SGR desejava em 2007?

Leia mais:

  1. Manter a liderança da emissora no segmento das talks em São Paulo, mesmo promovendo uma mudança no público prioritário. Ou seja: fazer crescer a participação da classe B na audiência e, mesmo assim, seguir líder. Nós e a fortíssima Rádio Capital transmitíamos apenas em AM. Outras talks concorrentes, em FM. Conseguimos. Seguimos líderes das talks na audiência geral – números absolutos – e nas manhãs e noites. Vitória da equipe!
  2. Não abandonar o estilo popular, mas tornar a emissora ainda mais jornalística e prestadora de serviços para toda a região metropolitana de São Paulo. Os comunicadores e produtores aceitaram com prazer o desafio. Vitória da equipe!
  3. Criar maior aproximação com a sociedade civil, através de parcerias em projetos de responsabilidade social. Já havia o SESC, no projeto Dia do Desafio. Trouxemos outras oito instituições de peso – entre elas, o Hospital Albert Einstein, a Rede Nossa São Paulo, o Instituto Ethos e a Editora Globo – para prestação de serviços e para contar histórias positivas dos bairros. Era um desejo meu, de Giovanni e da equipe: romper o estigma criado nos moradores da periferia, por causa de um modelo de cobertura dos grandes meios de comunicação, que só falavam dos bairros da chamada classe popular para tratar de enchentes, incêndios, tiroteios, brigas conjugais e outros assuntos que devem ser pautados, mas não podem ser os únicos. Criamos o Prêmio Globomóvel de Responsabilidade Social como reconhecimento de que em todas as comunidades existem ótimos projetos coletivos. Vitória da equipe!

“Não abandonar o estilo popular, mas tornar a emissora ainda mais jornalística e prestadora de serviços”

Foi uma grande honra ter trabalhado com talentos da programação e produção e também com grandes mestres da sonoplastia, técnica externa, jornalismo, área comercial, administração, informática e RH na Rua das Palmeiras.

A Rádio Globo de São Paulo – onde estive de 26 de julho de 2007 a 28 de maio de 2012 – e a Rádio MEC – 26 de maio de 2014 a 21 de agosto de 2019 – foram, no segmento emissoras, os melhores ambientes de trabalho em que atuei.

A foto em destaque é de abril de 2011. Uma de nossas muitas confraternizações.

O inevitável ou previsível aconteceu. A Rádio Globo de São Paulo sairá do ar em 31 de maio.

Por que inevitável? Por que previsível? Deixemos para outro post, com energia saudável, sem ressentimentos (nunca tive) nem energias tóxicas. Apenas com o que considero ser minha obrigação como pesquisador, ainda mais com a responsabilidade que temos ao concluir um mestrado: não contaminar a análise com arrogância ou vaidade. Analisar para aperfeiçoar.

“Foi uma grande honra ter trabalhado com talentos”

Muita saudade de tudo o que vivi, por quatro anos e onze meses, na emissora da qual era ouvinte desde pequeno, esticando antena para escutar o ídolo Osmar Santos e outros grandes talentos.

Rosan Camilo Bento e Alberto Pastre eram os supervisores de operação da Rádio Globo de São Paulo naquela época. Em 2019, Rosan postou, aqui no Facebook, que “éramos felizes e sabíamos”, paráfrase adequeada de verso famoso do cantor e compositor Ataulfo Alves.

Aquela percepção destacada por Rosan era e é, para projetos atuais, mobilizadora. Confirma que o rádio pode e deve ser usado para construir relações mais saudáveis, solidárias e divertidas, dentro e fora dos estúdios e redações.

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Por Marcus Aurélio de Carvalho. Radialista, jornalista e professor universitário. Foi gerente executivo da Rádio Globo de São Paulo e rede, de julho de 2007 a maio de 2012. Foi professor de ‘Organização e Produção em Rádio’ da FAAP, em São Paulo, de 2011 a 2017. É mestre em mídia e cotidiano pelo PPGMC UFF. Atualmente, é diretor e apresentador da Rádio ONCB, emissora oficial da Organização Nacional de Cegos do Brasil. É coordenador da ONG UNIRR – União e Inclusão em Redes e Rádio.

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