Uma semana após a divulgação de dois levantamentos sobre assédio e violência de gênero no jornalismo, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo divulgou canais para denúncias. A entidade afirma que vai ajudar a combater as agressões e garante atendimento exclusivo e sigiloso para os casos.
A entidade informa que as denúncias enviadas serão recebidas pela diretoria e todas passarão por apuração, assim como acompanhamento jurídico, de modo que possam definir como cada caso sera conduzido. Para o Sindicato, caracteriza-se assédio sexual não apenas quando a abordagem se dá por superior, mas também por colegas de trabalho do mesmo nível hierárquico ou por fontes jornalísticas, ainda que este entendimento não seja garantido no Judiciário.
A iniciativa faz parte de ações que o sindicato tem promovido para combater e enfrentar os assédios que sofrem os jornalistas no exercício da profissão. Além dos canais de denúncia, está prevista a elaboração e a distribuição de cartilha especial esclarecendo o que é assédio moral e sexual, as penas previstas e direitos do trabalhador e da trabalhadora.
As denúncias de assédio podem ser feitas pelo celular/Whatsapp: (11) 99300-1382 e e-mail denuncieoassedio@sjsp.org.br.
O levantamento foi realizado na véspera do Dia mundial de Combate à Violência contra Mulheres, lembrado em 25 de novembro. Os dados mostram que as formas mais comuns de violência de gênero sofrida pelas jornalistas são: abuso verbal (63%), abuso psicológico (41%), assédio sexual (37%), exploração econômica (21%) e violência física (11%). Os atacantes são na maioria de fora do local de trabalho (45%) – como fontes, políticos, leitores e ouvintes-, chefes ou superiores (38%) ou anônimos (39%). Apenas 26% dos locais de trabalho têm uma política que abrange violência de gênero e assédio sexual. Além disso, a enquete mostra que 66% das respondentes não apresentam denúncia formal sobre os casos de violência. Das que denunciam, 84,8% não consideram que foram tomadas medidas adequadas em todos os casos contra os infratores. Outras 12,3% ficaram satisfeitas com o resultado final dos casos.
De acordo com os dados, 86% das entrevistadas afirmaram já ter passado por pelo menos uma situação de discriminação de gênero no trabalho, 70% tiveram conhecimento do assédio a uma colega, 83% relataram já ter sofrido violência psicológica, 73% já escutaram comentários de natureza sexual, 92% ouviram piadas machistas, 70% já receberam cantadas no exercício da profissão, 75% já ouviram comentários desconfortáveis sobre suas roupas ou aparência, 32% foram tocadas sem consentimento e 17% alegam que foram agredidas fisicamente. Além disso, 46% das empresas não possuem canais para receber e responder as denúncias de assédio e discriminação de gênero.
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