Além de ofensas, bolsominions chegaram a criar perfil falso de Vera Magalhães no Twitter
Entidades e profissionais do jornalismo saíram em defesa da profissional do Estadão e da TV Cultura
Jornalista revelou que presidente da República usou WhatsApp para divulgar manifestação contra o Congresso
Vera Magalhães não está sozinha. Essa é a mensagem que entidades de jornalismo e profissionais da área reforçam desde a terça-feira de Carnaval, 25. No dia, a jornalista começou a ser alvo da ira de bolsominions. Ofensas, exposição da vida privada e até a criação de perfil falso no Twitter foram ferramentas utilizadas. Tudo isso porque a comunicadora publicou reportagem que pode ser considerada negativa à imagem do presidente Jair Bolsonaro.
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A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) avisou: Vera Magalhães foi vítima de crime. A instituição centenária pontuou, ainda, que desenvolver e manter uma conta falsa no Twitter vai além de brincadeira de mau gosto. “Além de configurar uma postura antiética, a criação de um perfil falso na internet pode levar o responsável a responder na Justiça”. Para a entidade, os ataques feitos por apoiadores de Bolsonaro representam “machismo e misoginia”.
O possível desfecho no poder Judiciário também chamou a atenção da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A entidade foi explicativa ao divulgar nota contra os ataques feitos por bolsominions contra Vera Magalhães. “Na esfera cível, responde por danos morais e na criminal, por falsidade ideológica”, avisou. A punição, segundo a associação, pode não ficar restrita apenas ao internauta falsário. A punição pode atingir a plataforma de rede social.
A Abraji destaca que, ao menos no Judiciário paulista, uma rede social já foi punida por deixar no ar uma conta falsa. “Caso seja notificada por ordem judicial específica de exclusão de conteúdo e não retire o perfil do ar, a plataforma também pode ser responsabilizada. O Tribunal de Justiça de São Paulo tem jurisprudência sobre o assunto e em 2018 condenou o Facebook por omissão por não ter retirado do ar o perfil falso de um médico, mesmo tendo sido notificado”.
Apoio de colegas
Xingada e com perfil falso em circulação na web, Vera Magalhães tem recebido apoio de jornalistas da direita, da esquerda e do centro. Rachel Sheherazade (SBT), Renata Lo Prete (TV Globo), Julia Duailibi (GloboNews) e Leandro Colon (Folha de S. Paulo) foram alguns das dezenas de profissionais que se manifestaram. Mario Sabino também se colocou ao lado da jornalista vítima de ataques virtuais. “Alvo de falangistas covardes. São iguais aos petistas que tentavam intimidar quem não rezava pelo cruz credo deles”, escreveu o criador de O Antagonista.
Sou filha de juiz. Meu pai era juiz do tribunal do júri. Uma vez um bandido que ele condenou disse: “O senhor tem família”. Fomos com escolta para a escola por um tempo. Mas meu pai não recuou um milímetro. A gente sabe a matéria de que é feito. De onde viemos e para onde vamos.
— Vera Magalhães VACINA JÁ 💉 (@veramagalhaes) February 27, 2020
A reportagem
Vera Magalhães começou a ser alvo de ofensas nas redes sociais após produzir reportagem sobre o presidente Jair Bolsonaro. Em texto publicado no BR Político, site do qual é editora, a jornalista afirmou que o mandatário do país utilizou o WhatsApp para convocar aliados para o protesto programado para 15 de março. O vídeo compartilhado por Bolsonaro traz críticas ao Congresso Federal. Apesar da fúria dos bolsominions, o presidente da República não negou a informação publicada por Vera Magalhães.