Doze foguetes com cabeças explosivas, todos no alvo. Tanto iraquianos quanto americanos, alojados dentro do alvo, saíram do ataque sem precisar sequer de um band-aid. Serão os mísseis de guerra iranianos tão fracos assim? Não: os mísseis iranianos utilizados pelos terroristas do Hezbollah e do Hamás, na Síria e em Gaza, levaram Israel a desenvolver um avançado e caro sistema antimísseis.
Ruins de pontaria os iranianos não são: os mísseis de guerra atingiram seu objetivo. Ou – e essa talvez seja a explicação correta – pode ser que tenham sido tomadas todas as precauções, por ambos os lados, para que a represália ocorresse – uma questão de orgulho acional iraniano – mas sem levar os Estados Unidos a novas ações. O Irã pode ser orgulhoso, mas sabe direitinho que não tem condições de enfrentar uma superpotência como os EUA.
E há informações sobre isso. Fontes do Departamento de Estado dizem ter recebido do Iraque informações sobre data e horário do lançamento, para que pudesse proteger seu pessoal (é preciso lembrar que os EUA e o Iraque têm relações próximas desde que o regime sunita de Saddam Hussein caiu após uma invasão americana, que entregou o poder aos xiitas). Os iraquianos comentam discretamente que “souberam” dos planos iranianos, e puderam assim proteger seu pessoal. Trump diz que a ausência de baixas americanas indica que o Irã não quer guerra. Resultado: as Bolsas subiram, o petróleo caiu, o ouro (o investimento dos tempos ruins) voltou ao nível normal.
É importante lembrar que a política externa é uma das áreas mais sujeitas ao lema de que verdade é o que interessa ao país. Hitler enganou os ingleses, prometendo paz em troca da autorização para invadir a Tchecoslováquia; e enganou os soviéticos, dividindo a Polônia com eles, meio a meio. A guerra já era fake, e cabia a cada país compreender as intenções do futuro inimigo.
Mas há sempre o problema do futuro: pode haver ações de terror contra alvos ocidentais, não obrigatoriamente no Oriente Médio (o ataque às Torres Gêmeas ocorreu no coração de Nova York). O Irã semeou, armou e treinou células de terror por boa parte do Oriente Médio: milícias xiitas no Iraque e na Síria, o Hezbollah no Líbano, o Hamas em Gaza, os houthis no Iêmen (que jogaram bombas de um drone na maior refinaria saudita).
Há também remanescentes do Estado Islâmico e o Boko Haram, que age por sua própria conta e se dedica principalmente a escravizar crianças. Cada um dos grupos pode agir para ganhar visibilidade ou para se destacar diante dos iranianos. Ou o próprio Irã pode mobilizá-los, alegando depois que não sabia de nada. Caberá aos serviços secretos monitorar a movimentação do terror e dar base a ações de seus governos. De vez em quando pode sumir um líder do terror.
Sempre pode haver alguma falha, já que a investigação é controlada pelo Governo do Irã, sem participação plena do fabricantes do avião, da empresa aérea, dos países cujos cidadãos morreram na queda. Mas tudo indica (inclusive uma foto) que o Boeing 737-800 da Ukrainian Airlines foi atingido por um míssil antiaéreo iraniano, pouco depois da rajada do Irã contra as bases do Iraque em que deveriam estar alojados soldados americanos. Há especialistas, em minoria, que dizem ter reconhecido um foguete russo. Mas tudo indica que tenha sido iraniano, disparado por erro.
Este colunista sempre achou que o principal problema do ministro Abraham Weintraub fosse o nome de seu Ministério: carregado de diplomas, ele deveria ser ministro do Ensino, já que da Educação, conforme se cansou de demonstrar por seus twitters e comportamento público, não poderia ser. Discutir no Twitter chamando a mãe do parceiro de “égua desdentada” não é coisa de quem tenha bons modos. Mas este colunista estava enganado: um ministro do Ensino não pode escrever “imprecionante”, como o fez nesta semana. Nem “insitaria”, nem “paralização”, como já fez antes.
Ou ceja, não poderia também ezersser o quargo de ministro do Encino do noço Braziu.
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Por Carlos Brickmann. Jornalista. Editor do site Chumbo Gordo. Texto reproduzido em diversos jornais brasileiros.
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