Comunicação

Bolsonaro xinga a Globo e manda repórter calar a boca

Durante coletiva de imprensa, o presidente Jair Bolsonaro se irritou com uma repórter da TV Vanguarda, afiliada da Globo no interior de São Paulo. Laurene Santos o questionava sobre multa recebida por “motociata” e a respeito do uso de máscara, quando o presidente a mandou “calar a boca” e xingou o trabalho feito pela emissora. O fato aconteceu nesta segunda-feira, 21, em Guaratinguetá.

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Durante as ofensas à jornalista e à emissora, Bolsonaro tirou sua máscara e ironizou a cobertura feita pela Globo. “Estou sem máscara em Guaratinguetá, tá feliz agora? Essa Globo é uma merda de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa. Cala a boca. Vocês são uns canalhas. Vocês fazem um jornalismo canalha, canalha, que não ajuda em nada”, disse a Laurene. Em resposta, a repórter lembrou que o uso de máscara é obrigatório no estado de São Paulo.

O presidente ainda se posicionou como “prova viva” do tratamento precoce contra a Covid-19 e alegou receber mensagens de jornalistas que revelaram ter usado os medicamentos hidroxicloroquina e ivermectina com essa finalidade. “Eu chego como eu quiser, onde eu quiser, tá certo, eu cuido da minha vida. Se você não quiser usar máscara, você não usa. Agora, tudo o que eu falei, infelizmente para vocês, deu certo: o tratamento precoce salvou a minha vida, mais 200 pessoas no meu prédio”, afirmou.

Nas redes sociais, a TV Vanguarda se pronunciou em apoio à jornalista e repúdio à atitude do presidente. Além disso, Laurene Santos recebeu mensagens de apoio de diversos jornalistas, como Vera Magalhães, Chico Felitti e Paulo Pacheco, do Observatório da TV.

A grosseria e a falta de compostura tentaram calar, sem sucesso, o retrato mais cruel da verdade, exposta em 500 mil mortes pelo país

Carlos Abranches

Carlos Abranches, ex-apresentador da emissora, escreveu um comentário elogiando o trabalho de Laurene. “Sua dignidade aflorou nesse momento, em que a grosseria e a falta de compostura tentaram calar, sem sucesso, o retrato mais cruel da verdade, exposta em 500 mil mortes pelo país”, afirmou.

Na mesma publicação no Instagram da jornalista, Vera Magalhães também deixou uma mensagem de apoio à colega de profissão. “Meus parabéns pelo seu profissionalismo hoje. Sua altivez, sua coragem e sua calma fazem a diferença e ajudam a iluminar o momento histórico grave que vivemos”, destacou.

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Julia Renó

Jornalista. Natural de São José dos Campos (SP), onde vive atualmente, após temporadas em Campo Grande (MS). Formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (MS) e voluntária da ONG Fraternidade sem Fronteiras, integrou o time de jornalistas do Grupo Comunique-se de julho de 2020 a abril de 2022.

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