Leia, abaixo, texto de Adalberto Piotto sobre coronavírus, imprensa e erros
Tento todo dia apurar minha interpretação dos fatos. Olhar com acuracidade pra entender onde começou o problema, a fonte da disfuncionalidade. Isso normalmente ajuda na solução. Houve erros da OMS, lá trás, no início da epidemia na China. Já não dá para corrigir. Há erros sobre entender o coronavírus e graves de comunicação nos discursos do presidente Jair Bolsonaro. É possível melhorar.
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Há erros crassos nas ações do governador de São Paulo, João Dória, do estilo “para tudo, fecha e arrebenta” do confinamento sem fim. Precisa melhorar. E pode se a imprensa dedicar a ele a mesma diligência com que trata o presidente.
Um aparte neste caso. O secretário de Saúde de Dória disse ao R7 que, num caso extremo, pode usar a polícia para garantir o isolamento das pessoas em casa. Imagine um ministro de Bolsonaro dizendo isso? Uso da polícia, mesmo em casos extremos, para privar as pessoas do seu mais básico direito de ir e vir? Quantas vezes usariam a palavra fascismo e comparações com a ditadura para denunciar o caso? Não vi reações acaloradas dos defensores da democracia, por ora.
Por isso, continuando, há erros sérios da imprensa em tratar os dois de forma muito diferente, com notadamente menos ceticismo o governador, que parece contar com apoio de grupos poderosos de comunicação privada. Por mais que as redes sociais tenham uma vida própria, a imprensa convencional está longe de perder sua importância, o que é muito bom, diga-se. Mas precisa se perguntar sobre a qualidade e os interesses de sua cobertura.
Houve também erros, apesar de muitos e nobres acertos, do Ministério da Saúde. Ao recomendar uma interpretação menos radical do isolamento social, o Ministério foi o único a tentar se corrigir rapidamente. Toda essa sucessão de erros parece ter de dado um pouco por desespero, um pouco por informação ruim, julgamentos precipitados e, em casos que extrapolam a saúde e a economia, interesses pouco republicanos.
Enfim, erros. Em comunicação, que sempre foi de transmissão rápida, hoje automática, uma informação ganha adeptos e haters numa velocidade incrível. Com as redes sociais, proliferam com disseminação exponencial. E como estarão todos discutindo e brigando em cima de uma informação errada, nem o mea culpa de quem errou tem efeito depois da contaminação.
Tudo fica ainda pior quando um ingrediente eleitoral se torna claro, como a rinha política sugere. Tempos difíceis. Vamos superar. Mas o antídoto para o veneno que nos distancia da realidade é o que pouca gente quer tomar, seja por desespero, pânico, ignorância ou interesse no barulho. Sensatez e equilíbrio são remédios conhecidos.
Ao perceber certos exageros nos confinamentos decretados pelos Estados, o Ministério da Saúde tentou explicar, ontem, quase em vão, como seriam medidas mais equilibradas. Ganhou o ceticismo dos repórteres. No entanto, em meio ao turbilhão que mistura desespero de saúde e econômico de muitos, o interesse eleitoral de poucos alimenta a insensatez.
Adicione o ego desmesurado dos líderes políticos e tudo piora. A cloroquina administrada por médicos já está em estado de teste para conter o Coronavírus. E tem sido bem-sucedida.
Para a compreensão do mundo que vivemos, o remédio da fórmula que combina sensatez e equilíbrio já está aí, pronto para uso, e pode ser usado em altas doses sem efeitos colaterais ruins, além de ser recomendada a automedicação. Só depende do paciente.
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Texto publicado originalmente no perfil do autor no Facebook.
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