Emissora confirma que encerrará atividades em São Paulo
Ex-funcionários e jornalistas reagem com tristeza ao anúncio do fim da versão paulistana da Rádio Globo
O que, sem dúvida, já vinha sendo cogitado há meses no meio da imprensa se confirmou. Posto que as inúmeras tentativas de mudança não deram certo, a Rádio Globo sairá do ar em definitivo em São Paulo. Isso porque a direção da emissora pertencente ao Grupo Globo divulgou nota interna sobre o encerramento das atividades, segundo informações publicadas em primeira mão pelo blog Cheni no Campo. A despedida do ouvinte está programada, a saber, para 31 de maio.
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A partir de 1º de junho, a marca Rádio Globo só existirá na praça Rio de Janeiro. No comunicado enviado aos colaboradores, o comando do veículo de comunicação admite, em resumo, que o foco já vinha sendo apenas a versão carioca “desde julho do ano passado”. Em virtude de seguir tal estratégia, os responsáveis pela RG avisam que o foco será, em primeiro lugar, ter o público jovem da capital fluminense e região como audiência. A ideia, segundo divulgam, é “fortalecer a identificação” como esses ouvintes.
Conforme descrito na nota da direção da Rádio Globo, o fim da emissora em São Paulo conclui o desfecho do programa de afiliadas mantido nos últimos anos. Apesar de registrar drástica queda de audiência com a implementação da chamada “Nova Rádio Globo”, o veículo angariou parceiros Brasil afora. O projeto chegou a ter, de acordo com o mesmo Cheni no Campo, cerca de 30 afiliadas espalhadas pelo país. No início do mês passado, além de RJ e SP, a marca aparecia em outras quatro praças: Blumenau (SC), Campo Grande (MS), Feira de Santana (BA) e Salvador (BA).
Mesmo que o fim da emissora no dial de São Paulo esteja confirmado, demissões em massa não deverão ocorrer. Justamente porque a programação diária já vinha sendo gerada no Rio de Janeiro. A equipe esportiva, todavia, seguirá com as transmissões (quando eventos futebolísticos voltarem à ativa) para a CBN. Assim sendo, profissionais do segmento seguirão, por ora, como funcionários do Grupo Globo.
Tristeza entre jornalistas
No meio jornalístico, a saber, o anúncio do encerramento da Rádio Globo foi acompanhado de tristeza. Entre ex-funcionários e profissionais que se colocam como ouvintes da emissora, o assunto foi tratado com melancolia. Em seu blog para o UOL, Luís Simon, o popular Menon, lamentou o fim. “Foi assassinada pouco a pouco”, escreveu. Ele lembrou que o veículo investia em programação popular, contando com o líder de audiência Antônio Carlos e outros comunicadores. “Um gênio resolveu mudar”, ironizou o colunista.
Pelas redes sociais, colegas de imprensa foram, sobretudo, pelo mesmo caminho de Menon. “Morre uma linda e histórica parte do rádio brasileiro. Quem é do rádio de verdade hoje vive um luto. Triste! Cresci e aprendi muito no rádio ouvindo a Rádio Globo. Desde 1978”, lamentou o narrador e apresentador do Grupo Thathi, Jorge Vinícius. “Triste notícia”, comentou o repórter Marcelo Cury. De 2013 a 2015, ele atuou como “Xerife” da reportagem da emissora radiofônica.
https://www.facebook.com/marcelo.cury.12327/posts/240118390602335
O comunicador Raphael de França foi mais um a entrar para o time dos que lamentam o fim da Rádio Globo de São Paulo. “O anúncio do encerramento das atividades da Rádio Globo em São Paulo, deixa todos nós tristes. Uma marca como a Globo jamais deveria deixar o maior mercado de rádio do Brasil”, publicou em seu perfil no Facebook. Ele, contudo, aproveitou o momento para relembrar quando Luiz de França, seu avô, estreou pelo veículo. O ano era 1985.
https://www.facebook.com/raphadefranca/videos/2906910559345120/
Mais tristeza
Marcelo Cury não foi o único ex-funcionário a se posicionar publicamente a respeito da descontinuação da RG. Outros profissionais com ligação com a emissora foram nesse sentido. Foi o caso, por exemplo, de Ulisses Rocha. “O fim é sempre triste. A sensação é da perda de um amigo querido. No caso é só uma empresa que vai e ficam as recordações. Lá eu fui feliz um dia. Pena que tudo acaba”, escreveu o jornalista no Facebook.
Hoje atuando no meio da comunicação corporativa, Raquel Rodrigues começou a carreira na emissora. Por lá, foi estagiária, produtora e repórter. “Triste notícia para a cidade de São Paulo. Porém, feliz por ter participado da história da Rádio Globo durante seis anos. Foi lá que comecei a minha carreira no jornalismo, a melhor escola que eu poderia ter. Tenho muito orgulho!”, publicou a jornalista, que conheceu este editor — que é seu noivo — em um plantão dominical na emissora.
Reinaldo Gottino (CNN Brasil), Carlos Cereto (SporTV), Silva Júnior (Fox Sports) e Guilherme Cimatti também comentaram o fim da história da Rádio Globo em São Paulo. Os quatro, a saber, também foram funcionários da emissora que durante décadas teve como slogan estar “sempre ao seu lado”. A partir do próximo mês, contudo, o veículo deixará de estar ao lado do ouvinte paulista.
Triste com o fim da Rádio Globo AM 1100. Trabalhei lá de 99 até 2005. Fui o jornalista mais jovem na época a apresentar O Globo No Ar. Tinha apenas 22 anos. Atuavamos na Rádio Globo e CBN. joaoferreiraradialista… https://t.co/TOOaoXuUj3
— Reinaldo Gottino (@RGottino) May 13, 2020
Meu sonho de criança sempre foi trabalhar nos 1100 da rádio Globo. Realizei em duas rápidas passagens, 2003 e 2007. Lamento muito pelo encerramento da rádio em São Paulo.
— Carlos Cereto (@carloscereto) May 12, 2020
Estou enlutado ao saber do fim da Rádio Globo de São Paulo! Foram quase 10 anos de um sonho de criança sendo realizado, falando naquele microfone e hoje terei pesadelos ao pensar em mais esse triste episódio da imprensa no Brasil! Eternamente em meu coração, querida Rádio Globo!
— Silva Junior (@silvajunior) May 13, 2020
Fui muito feliz na Rádio Globo. Lá comecei a trabalhar com esportes, convivi com muita gente boa e aprendi demais. Tristeza imensa com o fim da rádio. Sinto orgulho por ter feito parte dela.
— Guilherme Cimatti (@GuiCimatti) May 12, 2020