O centenário jornal Folha de S. Paulo deve atuar como forma de contraponto ao atual mandatário do país. Ao menos essa é a opinião de um dos conselheiros editoriais da publicação. Em reunião realizada na quarta-feira, 6, o jornalista Hélio Schwartsman fez questão de voltar a criticar diretamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
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“A Folha terá de se equilibrar em sua missão de tentar explicar o que está acontecendo sem tomar partido e, ao mesmo tempo, contrapor-se ao golpismo irredutível do presidente da República”, disse Schwartsman durante o encontro que, de acordo com o site da própria Folha de S. Paulo, serviu para dar início às atividades do novo conselho editorial do veículo de comunicação.
Essa não é a primeira vez que Hélio Schwartsman, que já foi editor de ‘Opinião’ e hoje é colunista da Folha, chama a atenção por causa de dizeres sobre o presidente da República. Em julho do ano passado, ele revelou a torcida para que Bolsonaro morresse em decorrência da Covid-19. Na visão dele, o político “prestaria na morte o serviço que foi incapaz de ofertar em vida”.
Posteriormente, Schwartsman chegou a garantir que, em seu entendimento, havia sido “gentil” com o presidente — que naquela ocasião lutava contra o novo coronavírus. Em decorrência do registro público do desejo pela morte do chefe de Estado, o jornalista chegou a ser intimado pela Polícia Federal, mas viu o Superior Tribunal de Justiça suspender o inquérito.
Conselho editorial da Folha de S. Paulo
Além dos donos Fernanda Diamant e Luiz Frias e de jornalistas e colaboradores da publicação, há profissionais de fora da imprensa no grupo de novos conselheiros editoriais da Folha de S. Paulo. São os casos, por exemplo, da empresária Luiza Trajano (Magazine Luiza) e do economista Persio Arida (ex-presidente do Banco Central). Fundado em 1978, o conselho da publicação costuma se encontrar trimestralmente.
Nem sempre as escolhas feitas pela Folha são claras
Thiago Amparo
Na primeira reunião do novo conselho, o colunista Thiago Amparo chegou a criticar o próprio jornal. “Nem sempre as escolhas feitas pela Folha são claras para o leitor, ou mesmo para quem está dentro do jornal”, afirmou, ao participar de forma online do encontro, pois está cursando pós-doutorado na Universidade de Nova York (Estados Unidos). Além disso, ele pediu para o veículo ampliar a diversidade no quadro de colunistas. Como exemplo, citou que há apenas uma mulher (a socióloga Angela Alonso) como analista na seção de política.