O plenário da Câmara dos Deputados enterrou na noite dessa terça-feira, 10, o projeto de lei que previa a implementação do chamado voto impresso auditável no país. Sem alcançar os necessários 308 votos para avançar no Congresso Nacional, a proposta foi arquivada. Além desse desfecho em si, um partido ganhou destaque – negativo – na imprensa: o PSDB.
Para alguns jornalistas, chamou a atenção o fato de a maioria dos parlamentares tucanos ter votado de forma favorável ao projeto (por meses amplamente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados). Dos 32 deputados federais da legenda, 14 foram favoráveis à implementação do voto impresso, 12 colocaram-se contra o projeto. Cinco se ausentaram da discussão. Além disso, a única abstenção do dia veio do PSDB, com o ex-presidenciável Aécio Neves.
Diante da votação protagonizada pelos congressistas do PSDB, o repórter e colunista da revista Piauí, Fernando de Barros e Silva sinalizou que o ato acaba por manchar a imagem da sigla. “Como explicar às crianças que isso já foi um partido, que teve sua importância, ajudou a construir a democracia etc?”, questionou o jornalista em mensagem divulgada em seu perfil no Twitter.
Reinaldo Azevedo, por sua vez, definiu o caso como “vexame histórico” e “imoral”. “Absurdo. Da bancada de 32, 14 votaram com Bolsonaro, e cinco se ausentaram. Somam 62,5%. Isso tudo em dia de desfile de tropas em Brasília. Perderam eixo e senso de história. Umbigo mais importante que o país”, analisou o apresentador da BandNews FM, blogueiro do UOL e colunista da Folha de S. Paulo.
Apresentadora do ‘Roda Viva’, da TV Cultura, Vera Magalhães foi outra a usar o Twitter para criticar diretamente Aécio Neves. Para ela, que também é colunista de O Globo e comentarista da CBN, o atual deputado federal por Minas Gerais foi responsável por plantar a “semente do golpismo”. Além disso, a comunicadora alertou que o PSDB não esteve sozinho no apoio ao voto impresso.
Para George Marques, a votação de ontem na Câmara serviu para mostrar um PSDB mais alinhado a pautas bolsonaristas do que partidos que integram o chamado Centrão, grupo que tem dado sustentação ao governo federal no Congresso. “Proporcionalmente, o PSDB deu mais apoio ao voto impresso (14 de 32) do que partidos do Centrão, como PL (11 de 41) e PP (16 de 41), oficialmente da base governista”, observou o jornalista da Mídia Ninja e colunista do portal Diário 98.
Por falar em Centrão, Pedro Doria foi outro jornalista a mencionar o bloco ao analisar o resultado sobre o projeto de lei. Editor do projeto Meio, ele observou que tucanos e outros parlamentares parecem ter aderido de vez ao grupo. “PSDB, PSD, DEM e Novo votaram em maioria pelo fisiologismo demagógico do bolsonarismo. Vão negar, mas isto é voto feito pensando com cabeça de Centrão. O Centrão ampliou”, pontuou o premiado comunicador.
Editora do site Socialista Morena, Cynara Menezes não restringiu suas críticas ao PSDB. Ele criticou colegas de profissão que não se posicionaram quando Aécio Neves, então recém derrotado à disputa presidencial de 2014, chegou a recorrer ao Poder Judiciário na tentativa de contestar a reeleição da petista Dilma Rousseff.
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