Não há o que comemorarmos, avaliam seguidores do C-se

Em meio a mortes por Covid-19 e violência contra a imprensa, seguidores do Comunique-se refletem sobre o Dia do Jornalista

Em 2021, não há o que comemorar no Dia do Jornalista, celebrado oficialmente nesta quarta-feira, 7. Ao menos, é o que apontam 73,2% dos seguidores do Comunique-se no Twitter, por meio de enquete realizada na rede social. E em um contexto de crise sanitária, dois aspectos se destacam para o descontentamento de profissionais de todo o país: as mortes por Covid e a violência contra a imprensa.

De acordo com o dossiê publicado ontem, 6, pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Brasil é o país com maior número de jornalistas mortos em decorrência da Covid-19. Entre abril de 2020 e março de 2021, foram 169 vítimas da doença. Os Estados que lideram a estatística são Amazonas, São Paulo e Pará, com 19 mortes registradas em cada.

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Imagem: Reprodução/ Fenaj

Assim como o aumento percebido nos dados gerais de vítimas da Covid no Brasil, no jornalismo, o mês com maior número de registros foi março. A categoria, que atua na linha de frente desde o início da pandemia, teve 47 vítimas, 80% a mais que em fevereiro, o qual havia registrado 26.

Por esse motivo, sindicatos de jornalistas de todo o país estão reivindicando a vacinação da categoria, que em muitos casos não pode cumprir o isolamento social para cobrir pautas na rua. De acordo com matéria do site de notícias do Senado Federal, hoje, o pedido chegou ao Ministério da Saúde, por meio do Senador Nelsinho Trad (PSD-MS).

Violência contra a imprensa

Outro dado divulgado pela Fenaj, em janeiro de 2021, explicita que, apesar do ganho de credibilidade no início da pandemia da Covid-19, os jornalistas sofrem cada vez mais ataques devido ao seu trabalho. O Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil aponta que, em 2020, foram registrados 428 episódios, o que representa um aumento de 105,77% em comparação a 2019.

De acordo com o documento, a região brasileira com maior número de ataques foi a Centro-Oeste, com 130 casos, seguida pela Sudeste, com 78, o Sul, com 30 casos, o Nordeste, com 19 e, por último, o Norte, com 15 situações de violência e ataques à liberdade de imprensa.

Imagem: Reprodução/Fenaj

Nos últimos dias, alguns casos de violência contra jornalistas foram destaque. É o caso do início de incêndio na redação do jornal Folha da Região, em Olímpia (SP), causado por um bombeiro, que confessou o crime na última quinta-feira, 1º de abril.

Na noite de ontem, 6, mais um caso reforçou esses dados. Em Santa Cruz do Capibaribe (PE), quatro pessoas invadiram a sede da rádio local Comunidade FM para ameaçar o locutor. De acordo com o Diário do Centro do Mundo, a agressão foi feita em reação a críticas feitas pelo jornalista ao presidente Jair Bolsonaro. “Fala agora quem é genocida”, afirmou um dos sujeitos.

Veja o momento em que ocorre a invasão:

Apesar de não haver comemoração, em meio às adversidades, acabe uma reflexão sobre o reconhecimento dos jornalistas neste momento.
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Julia Renó

Jornalista. Natural de São José dos Campos (SP), onde vive atualmente, após temporadas em Campo Grande (MS). Formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (MS) e voluntária da ONG Fraternidade sem Fronteiras, integrou o time de jornalistas do Grupo Comunique-se de julho de 2020 a abril de 2022.

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