A versão impressa do jornal O Estado de S. Paulo será reformulada a partir do próximo domingo, 17. A partir da data, a publicação centenário deixará de lado o formato standard e passará a ser entregue em tamanho menor, no modelo chamado de berliner. A novidade, confirmada pela empresa de comunicação no feriado de Nossa Senhora Aparecida, havia sido divulgada há duas semanas pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
Ao abordar a mudança do formato a ser entregue nas bancas e aos assinantes, a direção do Estadão avisa que a decisão pela escolha novo modelo impresso foi fruto de 11 meses de trabalho, com direito a ouvir leitores e realização de pesquisas. Além da troca visual, há a promessa de novas seções para “aprofundamento e o contexto dos fatos”. De acordo com a publicação, o berliner é “mais fácil de manusear, ler e carregar, ele se adapta melhor ao dia a dia do leitor”.
“Todas as mudanças têm como alicerce o jornalismo profissional e independente, ativos inegociáveis do jornal fundado há 146 anos”, enfatiza a equipe do Estadão ao confirmar a mudança de formato na versão em papel.
Na prática, em termos gráficos, a mudança anunciada representará encolhimento da versão impressa do Estadão. Utilizado desde o lançamento da marca, o standard tem dimensões de 600 X 750 mm. O berliner, por sua vez, tem como tamanho padrão 315 x 470 mm.
O Estadão não aborda questões financeiras em relação à decisão de se desfazer do formato standard. A mudança, porém, pode representar economia para a publicação. Em artigo publicado no site Meio & Mensagem em janeiro de 2018, o jornalista e consultor Eduardo Tessler afirmou que tal questão representa, no Brasil e no mundo, tentativa para publicações impressas sobreviverem. “Não se trata de nenhuma estratégia de melhorar o produto, mas de poupar dinheiro”, afirmou na ocasião.
A decisão do Estadão não é inédita no mercado editorial. No decorrer da última década, impressos nacionais e internacionais decidiram pela adoção do formato berliner — ou em alguns casos até mesmo do tablóide (com páginas ainda menores). No Reino Unido, por exemplo, o The Guardian deixou o standard de lado em 2005 e, depois de anos sendo impresso em berliner e seguindo com prejuízos, passou a ser publicado em tablóide desde 2018.
No Brasil, também há exemplos de títulos que abriram mão do standard. Em 2006, o Jornal do Brasil passou a ser entregue em formato berliner para, quatro anos mais tarde, deixar as bancas para focar de vez no digital. Depois da mudança de tamanho, seguiram (e ainda seguem) em atividade jornais como Folha de Pernambuco, O Popular (Goiás) e Correio (Bahia).
Títulos que junto do Estadão formam o trio de maiores jornais impressos de alcance nacional, Folha de S. Paulo e o Globo seguem sendo publicados em formato standard.
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