O Grupo Abril não está mais em processo de recuperação judicial. A empresa de comunicação deixou tal condição nesta semana, graças a uma decisão da Justiça paulista, que encerrou a questão. Aos olhos do poder Judiciário, a dívida bilionária declarada em agosto de 2018 não está mais ativa.
De acordo com o juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a administradora judicial demonstrou que 99,4% dos créditos da dívida em reais já foram pagos. Do montante em dólares e euros, o total de créditos pagos foi total: 100%.
Com o risco de decisões com parâmetros diferentes, provoca não só o retardamento na satisfação dos credores e o risco da devedora ser constrangida a pagar mais do que deve
“A experiência demonstra, no entanto, que a multiplicidade de disputas nos diferentes juízos, com o risco de decisões com parâmetros diferentes, provoca não só o retardamento na satisfação dos credores e o risco da devedora ser constrangida a pagar mais do que deve, mas também desprestígio à própria função jurisdicional”, afirmou o magistrado em trecho de sua decisão que deu fim ao processo de recuperação judicial do Grupo Abril, informou o site Migalhas.
Apesar da decisão, o juiz fez questão de ressaltar que a empresa de comunicação não está totalmente a salvo do poder Judiciário. Entre outros pontos, ele observou que a corporação midiática terá de seguir honrando os compromissos firmados junto aos credores. Caso contrário, o pedido de falência ou execução poderá ser ajuizado.
No início de agosto de 2018, o comando do Grupo Abril, então controlada pela família Civita, decidiu encerrar 11 de seus títulos — entre revistas impressas e sites — e demitiu mais de 100 funcionários. Uma semana depois, a direção da empresa confirmou o pedido de recuperação judicial. Tal movimentação foi feita em decorrência da dívida de cerca de R$ 1,6 bilhão.
Em meio ao processo de recuperação judicial que chegou ao fim nesta semana, o Grupo Abril trocou o comando acionário, mudou a direção de sua principal revista (a Veja), foi obrigado a se desfazer de ativos e chegou a ser acusada de censura por um jornalista que estava há décadas na empresa — que foi “apagado” do domínio da marca na internet.
Quatro meses após revelar a dívida bilionária e entrar com o pedido de recuperação judicial, o Grupo Abril deu início ao processo de venda feito pelos herdeiros de Roberto Civita. No caso, os irmãos Giancarlo e Victor anunciaram a entrega do controle acionário para o empresário carioca Fábio Carvalho. O valor da negociação foi de R$ 100 mil.
Os trâmites de compra por parte de Fábio Carvalho foram concretizados em maio de 2019, após validação por parte de autoridades competentes. Como o mais novo empresário de comunicação do Brasil, ele não perdeu tempo e, no mesmo mês, resolveu trocar a direção de jornalismo da revista Veja, principal título do conglomerado em circulação e audiência no online. Saiu André Petry. Então colunista e redator-chefe, Mauricio Lima assumiu o cargo (pelo qual responde até hoje).
No fim de agosto de 2019, o processo de recuperação judicial do Grupo Abril ganhou novos capítulos. O procedimento foi, finalmente, aprovado pelos credores. Tal aprovação, no entanto, ocorreu em meio a uma obrigação que deveria ser cumprida pela empresa: se desfazer de alguns ativos, entre eles a Exame — que precisaria ser vendida no decorrer dos meses seguintes.
O jornalista José Roberto Guzzo deixou o Grupo Abril em outubro de 2019 e de forma um tanto quanto polêmica. Ele avisou que estava de saída da empresa após a direção da revista Veja ter, segundo ele, se recusado a publicar um artigo com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Guzzo tinha mais de 50 anos de serviços prestados ao conglomerado, sendo que por 15 anos foi diretor de redação da Veja.
Pouco mais de um ano após o processo de recuperação judicial ser iniciado, o Grupo Abril deixou de publicar a revista Exame. O veículo de comunicação foi vendido ao banco BTG Pactual, que pagou R$ 72,3 milhões. A compra foi feita por meio de leilão. Na ocasião, a instituição financeira, que na ocasião tinha André Esteves como senior partner, foi a única interessada na aquisição da marca — que segue ativa na internet até os dias atuais.
Em maio de 2021 o Grupo Abril promoveu outro leilão. E com direito a cifras milionárias envolvidas. Dessa vez, o conglomerado de mídia vendeu o prédio em que funcionava a sua própria sede, baseada na cidade de São Paulo. De acordo com informações na época, o lance arrematador ultrapassou a barreira dos R$ 118 milhões. Posteriormente, foi divulgado que os irmãos Nader Fares e Abdul Fares, donos das lojas Marabraz, foram os responsáveis pela compra.
Depois de se desfazer da revista Exame, o Grupo Abril poderia se ver obrigado a perder o controle de outros títulos. Isso porque, ainda com a dívida ativa, o conglomerado de mídia colocou 16 de suas publicações como garantia de pagamento em novo acordo selado com o governo federal. Mundo Estranho, Você RH, Placar e Veja foram algumas das publicações inseridas na lista.
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