Transformação é sair de uma forma original para atingir um novo jeito de ser. É um processo desgastante cheio de incertezas, que demanda coragem e um uma mínima visão de futuro para que seja realizada. É uma metamorfose, aquela revolução que conhecemos na natureza da lagarta à borboleta. É difícil em uma grande empresa, o famoso “transatlântico”, mas ainda mais desafiador nas empresas menores, principalmente no setor de comunicação.
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A maior constatação é a de que não existe “a” transformação digital. E o desafio começa por aí. No início da era digital, ainda fins dos anos 1990, muito se falava do termo e-business, como processo revolucionário. Depois a moda foi a web 2.0 e toda a liberdade que ela nos trouxe. Por fim, a indústria 4.0, já cunhando o termo da transformação digital. E agora durante esta longa pandemia, que veio testar nossa capacidade de resiliência e, novamente, de nos transformar.
A metamorfose digital regular demanda cada vez mais investimentos e organização. Para as pequenas e médias agências, é um desafio e tanto ter que incorporar a cada ano novas demandas obrigatórias para se manter minimamente atualizado, quanto mais competitivo. Aquilo que era um capital amortizado, hoje se torna despesa obrigatória e mensal. Do servidor para cloud. Do software comprado para o as a service. Isso tudo sem perder a única solução: incorporar o digital como item básico do DNA da cultura organizacional.
Metamorfose digital em cinco passos
Por isso, acredito que vale trazer alguns pontos de vista que podem ajudar e enfrentar esse desafio da metamorfose digital constante:
- Não terceirize em uma área ou departamento. Ter um pensamento data driven e digital já não é uma responsabilidade isolada de uma área há um bom tempo. Os novos talentos já trazem este comportamento dentro deles. E aquele talento “insubstituível” vai precisar incorporar de alguma forma este lado;
- Ao mesmo tempo, tome cuidado com os “falsos digitais”. Muita gente por aí incorporou algumas buzz words, mas, na rotina de trabalho diário, mantém as mesmas práticas. Alguns comportamentos hoje são necessários, como a busca constante por automação, a compreensão do uso de ferramentas e uma rotina de uso de dados para ajudar no trabalho. Quem terceiriza isso ainda não compreendeu o novo momento;
- Tenha um teto para o investimento em ferramentas. Hoje, temos uma pressão crescente para os custos mensais regulares em tecnologia. Todas elas pedem contratos mínimos e não são baratas para um pequeno negócio. O recente conflito envolvendo Mlabs e Facebook mostrou que o “sonho” de uma solução as a service barata para resolver a automação de todo um fluxo de trabalho tem se mostrado distante. Inovação e tecnologia demandam investimentos;
- Mantenha um fórum de ações pela (pequena e vitoriosa) transformação. Sabe a filosofia do scrum? Pequenas vitórias montadas em sprints? Vale manter esse fluxo dentro de sua organização, mesmo em uma agência menor. Sempre somos “engolidos” pelas surpresas e urgências de cada dia. Parta desse pressuposto: isso vai acontecer. Então, o único caminho é bloquear uma outra estrada, uma alocação necessária, um pequeno objetivo semanal que possa colocar um tijolo nessa transformação constante;
- Não se assuste com os grandes movimentos da indústria. Uma coisa é não ficar acomodado. Outra coisa, é ficar pressionado e assustado. Fomos bombardeados por IA, IoT, self driven cars, robotização e mais um monte de termos nos vários eventos que aconteceram nos últimos anos. É preciso, sim, acompanhar os eventos, mas cada vez a maior propriedade transformacional necessária é a “tradução” de todos os conceitos projetados para as coisas simples do dia a dia.
Com o passar dos anos, pude perceber que esse comportamento de metamorfose digital constante não é algo preso a um contexto ou a uma época. Por isso, acredito que todos esses cinco passos podem — e devem — ser adotados como práticas para a construção e a manutenção de um comportamento regular. De uma forma, para outra, e outra e mais outra. Quando você olhar para trás vai ver quantas metamorfoses ultrapassou (e quantas ainda estão por vir).
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Por Daniel Rimoli, diretor de planejamento e inovação da Repense.