O Grupo Globo anunciou nesta quinta-feira, 14, uma mudança no seu comando. A partir de 1º de fevereiro de 2022, João Roberto Marinho assumirá a presidência de todo o conglomerado de mídia, enquanto que Paulo Marinho, atual diretor de canais, comandará a divisão específica da parte de conteúdo da companhia. Atualmente, ambos os cargos são ocupados por um executivo de fora da família Marinho: Jorge Nóbrega.
A novidade no comando da empresa de mídia é parte do planejamento para transformação digital de todo o grupo, iniciado em 2018, segundo informações do jornal O Globo. Até a data de oficialização das mudanças, será realizado um processo interno de transição.
As mudanças, no entanto, convergem com um momento de demissões de profissionais experientes e de registro de prejuízo milionário no primeiro semestre de 2021. Na última semana, ao menos cinco experientes jornalistas deixaram a emissora televisiva: Alberto Gaspar, Ari Peixoto, Roberto Paiva, Robinson Cerântula e Fernando Saraiva.
Nos bastidores da comunicação, as dispensas foram relacionadas ao momento financeiro do Grupo Globo. Conforme divulgado no início do mês pelo colunista Guilherme Ravache, do UOL, a empresa fechou o primeiro semestre de 2021 com prejuízo de R$ 144 milhões. Detalhe: no mesmo período do ano anterior, a conta já havia ficado no vermelho, com déficit de R$ 51 milhões.
Além do jornalismo, os demais setores do Grupo Globo — sobretudo na televisão — foram afetados por onda de cortes no decorrer dos últimos meses. Na dramaturgia, atores como Antônio Fagundes e Lázaro Ramos deixaram a emissora. Apresentador do canal desde 1989, Fausto Silva foi outro a perder o status de comunicador global.
Com os novos presidentes, o comando do Grupo Globo retornará às suas origens com a família Marinho. Jorge Nóbrega foi o único a ocupar o cargo sem fazer parte dos descendentes do fundador do grupo de comunicação, Irineu Marinho. Ele está na presidência desde dezembro de 2017, 21 anos após ingressar na empresa.
A gestão de Nóbrega foi marcada por encerramentos de veículos de comunicação pertencentes ao conglomerado. Em maio de 2020, a Rádio Globo deixou a praça São Paulo e passou a operar como mero canal musical para o público do Rio de Janeiro. Um ano depois, em maio deste ano, foi a vez do grupo confirmar o fim da marca Época enquanto revista e portal (passando a ser mera seção do jornal O Globo).
Fora a parte de pessoal, a gestão de Jorge Nóbrega contou com outras perdas — como na parte de direitos de transmissão. A Rede Globo perdeu, por exemplo, a Taça Libertadores (principal competição de futebol da América do Sul) para o SBT. Depois de décadas, o canal também deixou de exibir os grandes prêmios de Fórmula 1, que ganharam vez na tela da Band.
Jorge Nóbrega foi anunciado como presidente do Grupo Globo em dezembro de 2017, momento em que a empresa promoveu um passaralho (demissão em massa). Dois meses antes de ele ser apresentado à função, o conglomerado dispensou — de uma vez só — mais de 20 jornalistas. Na ocasião, as demissões atingiram principalmente o núcleo de esportes, enxugando o quadro de colaboradores da editoria da TV Globo, do SporTV e do Globoesporte.com.
João Roberto Marinho comandará o Conselho de Administração (no qual Nóbrega seguirá como membro) e o Grupo Globo. As frentes assumidas por ele são responsáveis pela Globo, pela Editora Globo, pelo Sistema Globo de Rádio, pela Globo Ventures e pela Fundação Roberto Marinho.
Já as marcas televisivas, de streaming e de produtos digitais passarão a ser presididas por Paulo Marinho a partir de fevereiro de 2022. Estarão sob seu comando: a TV Globo, 26 canais de TV por assinatura, o Globoplay e serviços e produtos digitais, como os sites de jornalismo e entretenimento da empresa.
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