A plataforma de financiamento coletivo e assinaturas Catarse lançou em 22 de novembro a primeira fase da “Multidão”. Trata-se de fundo coletivo que vai financiar projetos jornalísticos. Essa etapa da iniciativa pretende alcançar o maior número possível de interessados. A intenção é que o fundo seja lançado em 2019, ainda sem data determinada.
“O foco no jornalismo independente se deu por reconhecermos a crise que paira sobre esse ecossistema, bem como ao crescimento do interesse dos leitores em financiarem diretamente suas fontes de notícias, que é uma tendência mundial”, afirma Luís Ribeiro, diretor de estratégia do Catarse. Segundo ele, a ideia é que a iniciativa focada no jornalismo seja um “primeiro passo” para a criação de diferentes fundos para projetos da sociedade civil.
Apesar de ainda não ter um modelo fechado, a Multidão vai se diferenciar do formato de financiamento coletivo tradicional, em que os realizadores tentam atrair apoiadores. No caso, o objetivo é agregar apoiadores que queiram financiar projetos de determinados temas. “O Rodrigo [Machado, CEO do Catarse] teve a ideia de emular os editais públicos brasileiros, que já estão enraizados em nossa cultura, a partir de uma base de pessoas que contribuíssem para criar um fundo de fomento diretamente da sociedade civil. Nós invertemos a lógica atual das plataformas de crowdfunding”, explica Ribeiro.
Para Machado, a iniciativa foi bem sucedida no foco inicial para a semana de lançamento, que era “obter percepções e validações de um público qualificado em relação ao que estamos fazendo e a como a Multidão está sendo proposta”. “Queríamos entender também se as pessoas estão dispostas a se engajarem e a chamar outras pessoas. E isso também está validado”, conta. Segundo o CEO do Catarse, a ideia para as próximas semanas é “planejar uma divulgação com mais escala”, após escutar e aprender mais sobre o que os interessados estão pensando sobre o projeto.
Os inscritos — 310 até o fechamento desta reportagem — receberam ou receberão nos próximas dias uma pesquisa para coletar a percepção de quem se engajou no projeto e entender quais os caminhos eles querem seguir. As perguntas versam sobre qual a melhor plataforma para a equipe e os apoiadores se comunicarem, se o fundo deve apoiar só pessoas físicas ou também organizações e qual o foco das iniciativas que a Multidão deve apoiar, entre outras perguntas.
“O modelo ainda está em construção e a ideia é justamente que isso seja co-criado junto com a multidão de pessoas que está se interessando pelo tema”, explica Luís Ribeiro. “Não queremos empurrar um modelo de cima para baixo, pelo contrário, queremos que a própria comunidade que está se formando ao redor dessa ideia possa influenciar a decisão sobre a mecânica”, diz.
Por ainda se tratar de uma iniciativa em desenvolvimento, a equipe do Catarse não definiu quantos projetos serão contemplados. “Isso irá depender muito do tamanho do fundo que formos capazes de levantar, portanto proporcionalmente ligado ao número de pessoas que se mobilizarem”, explica Ribeiro. Segundo ele, parte do arrecadado será destinado para cobrir custos operacionais e de desenvolvimento da plataforma, além de pagar pelas transações financeiras. O procedimento é comum a todos os projetos que utilizam o Catarse.
Rodrigo Machado acrescenta que o modelo de negócio ainda está em aberto, e que conforme a dinâmica do fundo avance, esse aspecto ficará melhor estabelecido. “Estamos seguindo aqui lógicas de construção de produtos web onde o que importa é iterar de forma veloz sempre ouvindo os usuários para assim chegarmos em um formato que agrega valor para esses usuários e que seja sustentável operacionalmente”, afirma.
Segundo Machado, o Catarse tem há muito tempo “buscado entender modelos alternativos para comunidades jornalísticas se tornarem sustentáveis”. Apesar do modelo da Multidão ainda não estar fechado, o projeto tem algumas inspirações. A Reportagem Pública, iniciativa de financiamento da Agência Pública, é uma delas. O modelo, que permite que os interessados façam parte do processo decisório da distribuição de micro-bolsas para jornalistas, contou inclusive com auxílio de Machado em sua primeira edição.
“O De Correspondent também é uma grande inspiração, justamente por ser um dos maiores projetos de crowdfunding para jornalismo do mundo e possuírem essa relação próxima junto a seus leitores”, conta Luís Ribeiro. A iniciativa holandesa bateu o recorde mundial de arrecadação em 2013, ao conseguir juntar 1,7 milhões de dólares de 19 mil apoiadores e neste ano está levantando fundos para se lançar nos Estados Unidos. A campanha, que vai até 14.dez.2018, pretende arrecadar 2,5 milhões. Até o fechamento desta reportagem cerca de 15 mil pessoas haviam doado 1 milhão de dólares à iniciativa.
Apesar da Multidão ser uma iniciativa inédita, o Catarse já serve de plataforma para financiar projetos relacionados ao jornalismo. Ao longos de quase oito anos de atividade, 172 projetos relacionados ao jornalismo já foram financiados dentro dos modelos Tudo-Nada (em que o dinheiro é devolvido caso não atinja a meta) e Flex (em que o recebimento do dinheiro independe do cumprimento da meta). O montante total chega a quase 2,5 milhões de reais, vindos de 26.450 apoiadores.
Além disso, em cerca de um ano desde o surgimento do Catarse Assinaturas, mais de 280 mil reais foram distribuídos para veículos de jornalismo. No modelo, implementado no final de 2017, os apoiadores dão um valor mensal para os projetos, em vez de doar uma quantia única.
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Por Rafael Oliveira.
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