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Pesquisa mostra altos e baixos na relação entre comunicação corporativa e jornalistas

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O estudo é resultado de entrevistas com milhares de jornalistas, que atuam em diferentes países

Luciana Gurgel | Editora | MediaTalks Londres

As mídias sociais transformaram muitas práticas no mundo corporativo. Mas algumas continuam como antes, mesmo entre pessoas versadas em tecnologia e heavy users das redes como pessoas físicas.

Um exemplo deste lado meio conservador dos que utilizam a Internet como ferramenta de trabalho é o e-mail. Ele tinha tudo para sucumbir diante da agilidade e da interatividade das redes sociais. Só que não. Pelo menos para os jornalistas.

O quase ancião correio eletrônico, que nasceu nos primórdios da rede mundial de computadores, acaba de ser apontado como a forma preferida pelos jornalistas para receber sugestões de pauta em uma pesquisa global que entrevistou 2,5 mil profissionais de imprensa em vários países.

Por que será? Força do hábito? Menos invasivo? Seja como for, o fato é que as redes sociais não são a panacéia milagrosa para tudo. Ainda há quem prefira o bom e velho e-mail, que segue firme e forte sobretudo na comunicação corporativa.

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Isso não quer dizer que as mídias sociais sejam desprezíveis para os jornalistas que se relacionam com as empresas. A pesquisa, feita pela plataforma Muck Rack, mostrou que as redes são reconhecidas como boa fonte de informação para a imprensa sobre o que acontece nas corporações.

E não é qualquer rede. A preferida deles é o Twitter. O estudo mostrou como os profissionais de redação usam a rede, como ela ajuda em seu trabalho e como se informam por ela.

A pesquisa da Muck Rack reflete comportamentos anteriores à pandemia do novo coronavírus. As perguntas não eram específicas sobre um período de tempo, e sim sobre impressões gerais.

Mas não há como ignorar que os resultados são fortemente influenciados pela crise de saúde pública, porque a coleta de dados aconteceu em janeiro e fevereiro deste ano. Nesse período, muitos países viviam a segunda ou terceira onda da doença e vários estavam sob lockdown.

Não se pode imaginar que nada tenha mudado nas percepções desde que redações, agências e departamentos de comunicação corporativas ficaram desertos ou bem pouco habitados.

E que não tenha havido impacto na interação entre empresas e imprensa depois que o coronavírus passou a dominar a pauta em todas as editorias. Difícil achar uma parte do noticiário que não fale dia sim, outro também, a respeito dos efeitos da pandemia em assuntos tão diversos como meio ambiente, habitação ou cultura.

É natural que a combinação desses dois fatores – uma pauta dominante e a troca da redação pelo home office – tenha influenciado a relação entre assessores e jornalistas. Esse efeito foi captado pela pesquisa da Muck Rack, que entre outros achados confirmou o que seria de se esperar: uma dificuldade maior de emplacar pautas.

Não é razoável imaginar que seja possível tirar o coronavírus da pauta da mídia para dar lugar a sugestões de pauta das corporações. Mas a pesquisa tem insights importantes que devem ser avaliados por departamentos de comunicação e agências e balizar sua forma de abordar as redações. Melhor dizendo, os jornalistas de redação, agora em home office.

Um lado precisa do outro e um lado pode ajudar o outro. Mas se práticas que incomodam os jornalistas não forem revistas, o tempo vai passar e a forma como as empresas compartilham informações com a mídia vai continuar sendo classificada como ultrapassada por mais de 60% dos jornalistas, que foi o que a pesquisa da Muck Rack demonstrou.

Veja o estudo completo em MediaTalks by J&Cia.

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