Uma aula sobre formatos de conteúdo audiovisual. Assim pode ser definida a entrevista concedida à Imprensa Mahon por Juliana Algañaraz, CEO da Endemol Shine Brasil. “Sempre ouço a pergunta: ‘O que é um formato?’. As pessoas acham que uma ideia é um formato. A Endemol vive de formatos há mais de 25 anos, desde o ‘Big Brother’. Um formato é algo que não depende de quem atue nele ou o realize. O que importa é que a ideia possa ser replicada mantendo no mínimo 75% da ideia original em qualquer lugar do mundo”, começou os ensinamentos a entrevistada.
Juliana Algañaraz comentou que existe receita para conseguir destacar um bom formato no mercado. “Há uma fórmula. Somos vendedoras de formatos. Há um departamento inteiro que avalia suas ideias originais e diz se aquilo é realmente um formato. Uma ideia pode virar, localmente, uma boa ideia. Mas isso não quer dizer que ela possa viajar. A Imprensa Mahon não é um formato, sem a Krishna Mahon ela não funciona. Então, não temos um formato”, exemplificou a executiva da Endemol Brasil, usando o canal parceiro do Portal Comunique-se como exemplo. “Para o ‘Big Brother’ não importa se é com Bial ou com Leifert, continua sendo ‘Big Brother’. Quando a falamos da bíblia de um formato, ela realmente é uma bíblia. É uma receita de bolo, está tudo explicadinho. Nós só adaptamos à realidade. Os formatos sempre precisam ser adaptado para o local”, comentou.
“O ‘MasterChef’, por exemplo, era de um inglês que criou só o ‘MasterChef’. Era uma excelente ideia, mas que ainda necessitava de acabamento. A Endemol Shine o chamou, reempacotou, estruturou e deu uma cara internacional. E hoje o ‘MasterChef’ é o sucesso que é. E o cara é dono do projeto. Ou seja, ele é nosso sócio no projeto. Ele tem seu nome nos créditos, recebe royalties do mundo inteiro e está milionário. Formato é uma indústria, e assim são as indústrias. A indústria do cinema é igual”, concluiu Juliana Algañaraz sobre o tema formato de conteúdo audiovisual.
Questionada por Krishna Mahon sobre branded content, Algañaraz respondeu de forma animada. “Branded é a vedete da vez. O mercado de TV mudou muito de cinco anos para cá com a chegada dos formatos digitais. Mudou até a forma de consumir tudo. As marcas estão necessitando entender onde entram nesse mercado, pois precisam continuar vendendo. Não acho que os 30 segundos vão morrer, eles continuam sendo um tiro de canhão, ainda mais num país como Brasil. As TVs estão perdendo força, e o cabo está tendo que se entender de novo”.
A CEO da Endemol Shine Brasil explicou como a empresa começou a alinhar a relação entre anunciantes e veículos produtores de conteúdo. “Para nós, o grande momento foi… somos reconhecidos por nossa qualidade de produção, então trazemos muita tranquilidade para o canal, muita tranquilidade para o anunciante e para a agência. O cliente acha que a produtora do ‘MasterChef’ não vai pedir mais prazo, dizer que errou no orçamento e que não tinha plano B. E temos um know how em storytelling muito grande que nós podemos entregar. O que te mata é o que deixa mais forte. Nossa base é dar Ibope. Como não vamos usar recursos incentivados, ou a gente dá resultado ou ninguém nos compra nada”, contou.
“Encontramos uma fenda no branded. As marcas necessitam contar histórias. Será o jeito delas de estarem no controle do conteúdo, transmitirem suas missões, seus valores, seus KPIs [Key Performance Indicator], de uma forma divertida e interessante. Ao mesmo tempo, viramos o elo com os canais. Antes, o branded vinha pelo comercial, e só pelo comercial. O diretor artístico detestava. O pobre do comercial só estava tentando fazer o seu negócio”, prosseguiu Juliana Algañaraz.
A atuação da Endemol Shine na parte de branded content ajudou todas as partes envolvidas. É o que defendeu Juliana Algañaraz. “As agências dominavam o conteúdo, não o canal. Quando nós entramos no meio, nivelou a coisa. Sabemos como contar uma história. Dizemos pro cliente: ‘deixa com a gente que vamos contar sua história, batendo com seu briefing’. Para o diretor artístico, falamos: ‘fica tranquilo que a gente vai entregar a história. Fica tranquilo que tem qualidade’”, explicou.
Esse trabalho de cuidar de conteúdos para marcas tem feito a Endemol Shine conquistar novos parceiros, adiantou a CEO da empresa no Brasil. “Além dos canais e dos anunciantes, as plataformas digitais também gostam da gente. Temos projetos com Google e Facebook e estamos negociando com Netflix e Amazon. Em três anos, o branded chegou a 25% do faturamento. Neste ano, baterá em 30%. Crescemos muito rápido nos últimos quatro anos. Hoje, trabalhamos para todos os canais da TV aberta, não há outra produtora brasileira que faça isso. É um orgulho para nós”, comemorou a entrevistada da vez da Imprensa Mahon.
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