Ex-diretora de redação da Folha de S. Paulo, Maria Cristina Frias processa o irmão mais novo, Luiz Frias, de cometer ilegalidades
Transferência de ações do UOL motivam ação judicial
“Sócia da Folha acusa o irmão de operação ilegal”. Foi assim que a jornalista Taís Hirata anunciou na edição de terça-feira, 7, do Valor Econômico o mais novo capítulo do embate judicial envolvendo um dos maiores conglomerados de mídia do país, o Grupo Folha. Acionistas da empresa que, entre outras marcas, é responsável pelas marcas UOL e Folha de S. Paulo, eles se tornaram oponentes diante da Justiça.
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A reportagem do Valor dá detalhes do processo que, segundo o Poder 360, está em segredo de justiça. O jornal, que é controlado pelo Grupo Globo, informa que Maria Cristina Frias acusa Luiz de ter protagonizado operação ilegal a partir de informações privilegiadas. A acusação tem como base transferência de ações do UOL em 2017, meses antes de o PagSeguro, divisão do próprio UOL, fazer seu IPO (oferta inicial em bolsa de ações).
Os responsáveis pela acusação garante que o valor da transferência do conjunto de ações foi “muito abaixo do real”. O beneficiário direto por tal operação teria sido, segundo Maria Cristina Frias, o seu próprio irmão. Na ocasião, ele recebeu o equivalente a 1,29% do capital do UOL. Luiz Frias alega que a movimentação foi parte da quitação de empréstimo dele para a empresa — que teria desembolsado R$ 30 milhões quando o UOL fechou capital em 2011.
Para Maria Cristina Frias, a movimentação ocorrer pouco antes de abertura de capital do PagSeguro “não lhe poderia ser mais conveniente”. Ela, que na ação judicial pede indenização à empresa Folha S.A — que edita o jornal Folha de S. Paulo –, afirma que seu irmão autorizou a operação a um preço baixo. A defesa de Luiz garante, por sua vez, que não houve nenhuma irregularidade na venda de ações.
Demissão por trás da briga judicial
Dias após a morte de seu irmão mais velho, Otavio Frias Filho, Maria Cristina Frias assumiu a direção de redação da Folha de S. Paulo em agosto de 2018. Tornou-se, assim, a primeira mulher a comandar o jornal quase centenário. Não chegou, porém, a completar sete meses no cargo. Foi substituída por Sérgio Dávila, que trabalha para o impresso desde 1993 e então respondia como editor-executivo. Desde então, o site do título faz questão de informar que o “Grupo Folha tem participação minoritária, indireta e em ações sem direito a voto no UOL”.
Detalhe: três dias após assumir como diretor de redação da Folha de S. Paulo, Sérgio Dávila promoveu demissão em massa. 18 jornalistas foram dispensados.
Na ocasião, órgãos da imprensa já davam conta de briga familiar pela mudança. A disputa entre os irmãos foi sinalizada pelo fato de Maria Cristina não ter perdido apenas a função de diretora de redação. Ela também deixou o cargo de editora da coluna ‘Mercado Aberto’, que deixou sumariamente de ser publicada pela Folha de S. Paulo em março do ano passado. Com a coluna, a jornalista ganhou reconhecimento entre colegas. Foi por três vezes consecutivas (2015, 2016 e 2017) indicada ao Prêmio Comunique-se na categoria ‘Economia – Mídia Escrita’.
Agora, sem atuar como colunista e nem diretora de redação, Maria Cristina Frias aciona o seu próprio irmão na Justiça. Enquanto ela nem aparece nos expedientes divulgados pelo Grupo Folha e pelo Grupo UOL, Luiz Frias figura como presidente das duas empresas.