Preste a acabar, o ano de 2017 foi marcado por inúmeras notícias negativas relacionadas ao mercado da comunicação social – para ficarmos somente no nicho de cobertura do Comunique-se. Desde janeiro, acompanhamos – e apuramos – notícias sobre demissões de jornalistas, fechamentos de veículos e greves/paralisações de redações país afora. No contexto geral, foi como ressaltou o nosso colunista-humorista Duda Rangel. Parece que resgatamos os mesmos destaques de 2016. Este ano, porém, não viveu apenas de pautas negativas para o meio midiático brasileiro.
Houve, sim, pontos positivos nos meios de comunicação. Teve emissora que se destacou pelos investimentos, contrações e inovações. Estação de rádio que, sem vergonha de se posicionar como popular, assumiu a liderança do AM de São Paulo. Site surgido graças a um jornalista-empreendedor que tem agitado a cobertura política. Título que tem se posicionado contra preconceitos. E grupo que, por causa de mudança do próprio nome, se destacou pelo trabalho do time interno de assessoria. Além das empresas em si, a minha lista também conta com dois profissionais. Um devido à atividade analítica e multimídia. O outro – o grande destaque do ano – aparece, sobretudo, por causa da superação.
Confira os eleitos como os destaques da comunicação brasileira em 2017:
Emissora que chegou à maioridade em 2017, a Rede TV tem do que se orgulhar. Entre as novidades que valem a presença nesta lista está o fato de levar para a televisão o formato de mídia programática. Assim, passou a entregar, conforme ocorre há anos na internet, um modelo mais assertivo aos anunciantes. Em termos de estrutura, a empresa apresentou sua mais nova sede em Brasília. Com coragem, promoveu campanha contra o assédio, mal que atinge diversas mulheres, inclusive jornalistas. Mirando 2018, anunciou a contratação de Rosana Jatobá e estreou Marcelo Espindola como correspondente na Ásia.
As novidades da Rede TV não acabaram por aí. Reflexo de seu superintendente de jornalismo e esportes, Franz Vacek, o núcleo noticioso chama a atenção pelo bom conteúdo. O ‘Documento Verdade’ seguiu como um dos melhores programas da televisão brasileira, sempre com pautas exclusivas e produzidas ao estilo documentário, que provam: há espaço para o jornalismo investigativo na TV aberta. Durante a série de entrevistas com políticos que se colocam como presidenciáveis, Mariana Godoy com um simples “oi” conseguiu derrubar argumento de Jair Bolsonaro em favor da ditadura militar. Na última semana, o veículo foi elogiado pelo público ao fazer uso de recursos interativos e tecnológicos para fazer a retrospectiva do ano, fugindo da mesmice do modelo.
Para além do sinal de televisão, a Rede TV investiu na internet. Contratou Reinaldo Azevedo como blogueiro e produziu produções exclusivas para as redes sociais. Este editor, inclusive, está devendo o confronto entre “fifeiros” com Marcelo Do Ó.
Junho de 2017. Depois de 27 anos, a liderança no rádio AM da região metropolitana de São Paulo trocou de mãos. A responsável por assumir a liderança, permanecendo no posto até o fim deste ano, foi a Rádio Capital. As principais razões para o feito são duas (na visão deste editor). A primeira é a consolidação da programação esportiva, sob batuta do excelente apresentador-coordenador Weber Lima. A segunda é não ter vergonha de se posicionar como um veículo popular, mantendo na casa e contratando comunicadores do nível de Eli Corrêa, Paulo Lopes, Pedro Trucão e Rony Magrini. Liderança que pode se fortalecer ainda mais em 2018, com as novidades que podem chegar à “Gigante do Rádio”.
Reconhecido profissional do jornalismo político, Fernando Rodrigues começou 2017 como protagonista de notícia um tanto quanto negativa. Logo no dia 2 de janeiro, ele anunciou que depois de 16 anos não seguiria como colaborador do UOL. Resultado? Passou a se dedicar exclusivamente ao seu projeto na web, rebatizado de Poder360 desde novembro de 2016. Desde então, liderou a equipe de redação (com mais de 20 pessoas) que produziu reportagens exclusivas e furos. Ao longo do ano, o Poder360 foi para além do noticiário e ganhou repercussão com a realização de pesquisas eleitorais. Neste momento, vale informar: o site está com vaga aberta para coordenador de pesquisa. A nova marca conta, ainda, com divisões de eventos e conteúdo pago (via newsletter).
Uma revista a serviço da extrema direita? Não foi isso que se viu nas páginas da Veja em 2017. Com direção de André Petry, o semanário mantido pela Editora Abril até dedicou capa a assuntos que antes não entravam em pauta. Foi o caso de uma das edições de outubro, que deu voz a pais de crianças trans. Sinal de que o caminho traçado foi o correto: a reportagem fez deputados como Jair Bolsonaro e Marco Feliciano declararem “guerra” à revista. Fora do papel, o título passou a mirar a realização de eventos, promovendo entrevistas com quem poderia ser personagem das “páginas amarelas” e realizou a primeira edição do Veja-se. A premiação, marcada como ato contra preconceitos, reconheceu o trabalho de seis pessoas que fazem a diferença.
Em agosto, a RBS de Santa Catarina chegou a fim. Não se tratou da extinção de mais um veículo de comunicação. O que sumiu, por questões relativas à troca do comando acionário, foi a marca (que ficou restrita ao Rio Grande do Sul). Surgiu, então, a NSC, que entre outras redações é responsável pela afiliada da TV Globo no estado catarinense. A repercussão da mudança e as ações envolvendo a troca de nome tiveram sucesso. Sucesso que veio representado pelo núcleo responsável pela assessoria de imprensa do grupo. A área tem comando da jornalista Romí de Liz e conta com Bruno Batiston na equipe. O período de transição de RBS para NSC rendeu pautas (no Comunique-se, por exemplo), desde a ação que perguntou ao público qual deveria ser o novo nome da empresa até as ações especiais quando a a troca foi efetivada.
Quando crescer, quero escrever feito o Augusto Nunes. Isso é o que eu, editor do Comunique-se, penso há anos. Em 2017, contudo, o jornalista se destacou não apenas por causa dos textos publicados no blog hospedado no site da Veja. Foi mais um ano em que ele comandou entrevistas e debates no ‘Roda Viva’, pela TV Cultura de São Paulo. Detalhe: a lista de entrevistadores é mais extensa, diferentemente do “clubinho” montado anteriormente por Mario Sergio Conti. A grande novidade veio em outro meio, o rádio. Contratado pela Jovem Pan, ele passou uma temporada com no ‘Morning Show’ e depois rumou para o reformulado ‘Os Pingos nos Is’. Seus comentários repercutem no dial e nas redes sociais.
Você pode concordar ou discordar das opiniões de Augusto Nunes, como no caso do comentário feito sobre William Waack. Mas é preciso enaltecer que, independentemente da mídia (internet, TV e rádio), suas análises prezam pelo ótimo trato com a língua portuguesa. E que um dia eu consiga escrever, comentar e entrevistar tão bem quanto Augusto Nunes.
Superação! Não há palavra que melhor defina o trabalho e dia a dia do jornalista, apresentador, radialista, escritor e locutor esportivo Rafael Henzel. Único profissional de imprensa a sobreviver à tragédia da Chapecoense, ocorrida em novembro de 2016, ele tem sido bem mais do que uma simples pessoa que vence seus desafios. Ele se transformou em grande exemplo. Com garra, recuperou-se dos ferimentos físicos provocados pela queda do avião, voltou ao trabalho na Rádio Oeste Capital de Chapecó (SC) em janeiro, acompanhou a estreia da Chape na Libertadores, lançou seu primeiro livro e sempre se mostrou solicito em entrevistas aos mais diversos veículos de comunicação.
Que em 2018 todos tenham em mente o pensamento que intitula a obra do jornalista: “viva como se estivesse de partida”. E que, por fim, todos se emocionem com as coisas boas da vida, como Rafael Henzel se emocionou ao narrar o gol da classificação da ressurgida Chapecoense para a Libertadores 2018.
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